segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Socorro! Dentes à vista...


"Dentição: a explicação que justifica qualquer mau comportamento do bebê." (Simon Brett, em Dicas para mães de primeira viagem, São Paulo: Publifolha, 2006)

Brincadeiras à parte, o assunto "sintomas de dentição" sempre foi controverso na literatura odontológica. Fato ou coincidência? Não raro os pais queixam de irritação, febre, resfriado, diarréia, problemas de sono, perda de apetite, aumento de salivação, assaduras e outras tantas mazelas que acometem os bebês simultaneamente ao nascimento dos primeiros dentinhos. E assim, mudou o comportamento? Lá vem os dentes...Paciência, é fase, vai passar!
Ou já esqueceu quando nasceram os seus dentes do siso, o incômodo que foi, até dor de ouvido sentiu?... Mas então, se aconteceu comigo, acontece com você, e com quase todo mundo...será mesmo coincidência?

Os dentes do bebê geralmente começam a erupcionar em torno do sexto mês, mas podem aparecer antes disso ou demorar muito mais. Assim como andar e falar, a idade em que aparecem os primeiros dentes é uma questão individual (1).

Da mesma forma, os bebês apresentam diferentes sintomas na dentição; uns não sentem nada, outros sofrem muito. Embora não exista um consenso profissional, muitos pais confirmarão que febre e mal-estar realmente acompanham a erupção dos dentes. Provavelmente, a própria dentição provoque mudanças físicas que se manifestam como sintomas de indisposição, deixando a criança mais suscetível temporariamente (1).

Contrariamente ao que se possa pensar, a função dos dentes não é meramente mastigação, fonação e estética. Cada dente representa muito mais do que isso. As funções dos dentes, na verdade são respiração, bioquímica e postura esquelética; daí viriam mastigação, fonética e, por fim, estética, consequência de uma função adequada. Os dentes ainda funcionariam como pontos de acupuntura, na visão da biocibernética bucal, estimulando os fluxos energéticos dos meridianos a cada toque uns com os outros (2). Assim, o nascimento dos primeiros dentes representa um grande marco dentro da evolução individual do ser humano e mostra que a
criança está pronta para acrescentar novos alimentos à sua dieta, os quais serão adicionados gradualmente semana a semana (2).

Uma recente investigação sobre o assunto concluiu que irritabilidade, aumento de salivação, coriza, perda de apetite, diarréia, assadura, distúrbios do sono e um pequeno aumento de temperatura estavam associados com a erupção dos dentes decíduos (3). A maioria das manifestações locais e sistêmicas foram encontradas durante a erupção dos incisivos, que são os primeiros dentes a nascer, e a irritação gengival foi o achado mais comum (4, 5).

Mas então, qual seria a explicação? Como este processo ocorre? A seguir, com a palavra, uma mãe. Uma cientista. Uma cientista que virou mãe e quis saber qual a relação dos dentes com a assadura dos bebês. Dra. Ligia Moreira Senas trás uma explicação lógica e pertinente para o assunto, acompanhe.


Cientista Que Virou Mãe: Dente que nasce, cocô que fica ácido: como assim? ...: Mães estudam enquanto os filhos dormem...


"Momento "mãe-cientista-vai-em-busca-de-uma-explicação".
Nesse texto eu conto como encontrei uma resposta para a pergunta: por quê o cocô do bebê fica ácido quando está nascendo dentinho, podendo causar assadura?
Essa semana, minha filha, em cerca de 4 dias, desenvolveu uma assadura monstro.
Assim que começou, nós aumentamos a frequência das trocas das fraldas, evitando que ela ficasse exposta ao xixi. Reforçamos o uso do amido de milho (Maizena), que absorve a umidade e não contém fragrância (como os talcos convencionais), que poderiam piorar a irritação. Limpávamos bem a região com água fresca para evitar que ficasse ali qualquer resíduo. E nada era suficiente para reduzir a irritação, que estava deixando a região muito avermelhada. Ela tem uma pele bem sensível, como minhas irmãs, às vezes aparecem umas dermatites atópicas bem conhecidas minhas e da minha família, então estou sempre cuidando dela, sempre de olho. O melhor para ela (para ela, para  natureza, para todos os outros bebês também) seria eu ter usado desde o começo o diaper free, o elimination communication, ou em outras palavras: ela não deveria ter usado fraldas. Esse foi um outro ponto muito negativo de ter precisado trabalhar fora durante todo esse tempo, me impediu de usar a técnica, e precisei usar as fraldas descartáveis. Não que sejam coisas excludentes, não são. Mas não tive tempo hábil de me envolver nisso, aprender, realmente me dedicar. Outro dia entro em mais detalhes sobre isso...
Como de costume, liguei pra minha amiga enfermeira  de todas as horas, que me perguntou logo de cara: ela está com dentinhos nascendo? Como os dois dentinhos superiores da frente - os incisivos centrais, já aprendi - já estão grandinhos, supus que os dos lados deles - incisivos laterais, oi odontologistas! - já estariam a caminho, então respondi que era provável que estivessem nascendo, sim. E aí ela mandou: amiga, é normal. Quando os dentinhos estão nascendo, é normal ter muita assadura mesmo.
Oi?!
O dente é na boca, a assadura é na "periquita" (venho de uma dinastia de mulheres que dão nomes de pássaros ao órgão genital feminino). Como é que é isso, gente?!
E ela ainda me disse que não só existe como é bem comum.

Eu e o pai dela nos desdobramos em mais cuidados e nada de conseguir vencer aquela porcaria.
Como tínhamos uma consulta marcada com a pediatra homeopata dela, aproveitei pra perguntar sobre isso. E lá vem a resposta: pode ficar tranquila! Isso aí é dos dentinhos nascendo - e me mostrou a gengiva toda inchadona dos incisivos laterais chegando... Prescreveu uma pomada e eu comecei o tratamento. E ela foi clara: pode melhorar em 3 dias ou pode levar até 1 mês, depende do bebê.
Bom, isso foi na terça-feira. E hoje ela já está ótima! Nem com a assadura ela se incomodou ou perdeu o bom humor, mas ver que já está tudo bem tranquilizou os pobres corações materno e paterno.

Mas desde que me disseram que o nascimento dos dentes pode causar assaduras, bate a dúvida: como é possível isso, fisiologicamente falando?
Fui atrás de entender melhor essa relação.
E em todo lugar, dos sites mais simplórios do mundo internético aos artigos científicos sobre saúde infantil, a única coisa que eu lia era "o nascimento dos dentes deixa as fezes mais ácidas e isso torna frequente o aparecimento de assaduras, as assaduras dos dentes".
Mas isso eu já sabia.
Minha dúvida era: por que o nascimento dos dentes deixa as fezes mais ácidas?
Para uma cientista, o "porque deixa" não é resposta.
Fui ler sobre o assunto, procurar uma resposta. E NÃO ENCONTREI! Nenhum artiguinho, nenhum profissional da área, ninguém, nada que explicasse o porquê do nascimento dos dentes deixar as fezes mais ácidas.
Então pensei bastante sobre o assunto e formulei uma hipótese, com os conhecimentos que eu tenho como professora de Fisiologia. Não vou testar a hipótese, como pede o método científico, mas ela é bem plausível. Lá vai.
Quando os dentinhos da criança estão nascendo, isso não é um evento isolado. Outras mudanças no organismo dela acontecem. Qual a função dos dentes? É atacar os predadores mas, principalmente, ser uma ferramenta para alimentação, ainda mais no caso da espécie humana, que, exceto pelo Mike Tyson, deixou de atacar os outros a dentadas faz tempo. Ou seja, o surgimento dos dentes simboliza "Oi corpo! Estou ficando pronta para comer de tudo! Logo mais, passarei dos alimentos simples aos mais complexos, tá?". Se é assim, é provável que o nascimento dos dentes acompanhe uma mudança bem significativa no trato gastrointestinal, no sistema digestório. Para se preparar para receber alimentos mais complexos, situação simbolizada pelo nascimento dos dentes, o estômago começa a produzir mais suco gástrico, que contém, além das enzimas que quebram as proteínas, ácido gástrico, o ácido clorídrico. Esse ácido não corrói a parede interna do estômago porque ele produz, também, muco, que protege contra o ataque químico. Num organismo mais preparado, quando o alimento misturado com o ácido passa para o intestino, os demais órgãos do aparelho digestório - pâncreas, fígado, vesícula - vão liberando seus sucos, que neutralizam a acidez. Mas como no bebê tudo está em desenvolvimento, pode ser que essa neutralização não seja tão eficiente quando deveria. E aí o que sai do estômago, passa pelo intestino e vai ser eliminado como fezes, acaba indo mais ácido também. Nessa fase, para não ter suas paredes atacadas, o intestino também começa a produzir mais muco, que continua a produzir durante toda a vida. É por isso que também é frequente encontrar, nessa fase, muco no cocô, porque o intestino o está produzindo como defesa à nova acidez. Encontrei vários artigos falando sobre como a presença de muco nas fezes, nessa fase da vida da criança, é um evento normal, embora ninguém se aprofunde a explicar o motivo disso. Lá na frente, quando o aparelho digestório estiver mais acostumado, mais preparado, as fezes não serão mais ácidas, porque a acidez do que sai do estômago vai conseguir ser eficientemente neutralizada pelas coisas que aqueles outros órgãos lá - pâncreas, vesícula e fígado - produzem. E assim, será feita a paz entre os órgãos de boa vontade. Para felicidade do bumbum.

Essa é uma explicação bastante razoável, ao meu ver.
E pode ajudar outras mães a entenderem porque pode aparecer aquela assadura sem fundamento quando os dentinhos estão chegando.
É. A vida de uma mãe cientista é assim...
A gente vai buscando respostas enquanto vai sendo mãe. Tudo ao mesmo tempo agora."


Em 2003 (6), pesquisadores confirmaram o aumento de citocinas inflamatórias no fluido crevicular gengival de dentes decíduos em erupção, ajudando a explicar a ocorrência de outras manifestações clínicas como febre, diarréia, aumento do choro e distúrbios de sono e alimentação/gastro-intestinais comuns nesta fase.

Muito bem, quem quiser se aprofundar em pesquisar mais o assunto, aí está o caminho das pedras. Lembrando sempre que manifestações mais severas requerem exclusão de outras causas e patologias orgânicas, para que a situação seja adequadamente conduzida (7).

Diante de todo o exposto, vamos ao que mais interessa: dicas práticas para enfrentar esta fase inerente ao desenvolvimento e maturação dos órgãos e sistemas da criança.

- Use a abuse dos mordedores. Nesta fase, os bebês estão ávidos por explorar cada vez mais o mundo, e adoram fazer isso colocando tudo na boca. Os mais naturais sempre são preferíveis, mas você pode testar mordedores de vários tipos, formatos e texturas e observar qual deles seu bebê prefere.


- Escovas, gazes e dedeiras/massageadores gengivais também ajudam a aliviar o desconforto, além de introduzir o hábito saudável da higiene bucal.

- A temperatura fria/gelada funciona como um antiinflamatório natural. Assim, resfrie os mordedores e aproveite a fase de introdução de alimentos, deixando o bebê se divertir com uma cenoura crua gelada, ou então raspar uma maçã; nos dias mais quentes, chupar cubinhos de gelo feitos com chá de camomila e enrolados em uma fralda ou paninho e, o mais gostoso de todos: o picolé de leite materno (congele seu leite dentro de forminhas para picolé e voilà)!
  

- Se o bebê quiser chupar o dedo, não se preocupe. Nesta fase, é normal que isso aconteça como uma forma de aliviar o desconforto provocado pela dentição. Proporcione outros estímulos saudáveis e em breve ele estará usando as mãos de outras formas, explorando e reconhecendo o mundo com todas as suas novidades.

- Evite medicar os processos naturais, prevenindo o surgimento de outros problemas inesperados. Alguns medicamentos usados para aliviar os desconfortos do período de dentição possuem anestésicos em sua formulação. Sua ação além de ser apenas momentânea, apresenta riscos quanto à toxicidade e efeitos colaterais, tais como dessensibilização da mucosa oral, dificuldades de deglutição, alteração do paladar, etc. Existem outros vendidos como medicamentos naturais (fitoterápicos, por exemplo), mas que nem por isso deixam de ser remédios. São compostos bioativos em geral à base de vitaminas e minerais que podem, sim, desequilibrar um organismo balanceado, lembrando que o excesso também será prejudicial à saúde. Apresentam sabor e podem interferir na introdução alimentar.

- Se for necessário medicar, a homeopatia pode ser uma boa alternativa (8), por cuidar da criança como um todo, tratando os sintomas iniciais dentro de um contexto e abordagem holísticos.

- Existem algumas terapias alternativas, como o colar de âmbar  que sugerem efeitos calmantes e antiinflamatórios, embora não existam comprovações científicas neste sentido. Os pais devem tomar cuidado para evitar potenciais riscos, como o de asfixia, por exemplo, e observar atentamente os efeitos.
" O Âmbar do Báltico é conhecido por reduzir a acidez no corpo humano de uma forma totalmente natural. No bebê, o uso constante do colar ajuda a reduzir os sintomas mais comuns relacionados com a dentição, tais como: vermelhidão nas bochechas, gengivas inchadas, assaduras, febre, erupções cutâneas, etc.", refere um dos sites que em Portugal comercializa estes artigos."Em um site nacional que indica o uso do produto, os autores afirmam que o uso do colar ´é seguro: "Os colares são fabricados manualmente e são seguros para serem usados em crianças e mães com bebês. O seu feitio prevê um nó entre cada pedra, para que no caso em que o colar se rompa – o que é muito difícil, mesmo com um uso diário – a integridade do colar é conservada.
O colar deve ser mantido em contato direto e permanente com a pele da criança. É o contato com a pele que favorece o efeito da pedra, não há necessidade que a criança coloque o colar na boca."




- A shantala (massagem para bebês) e o banho de balde-ofurô não são técnicas específicas para dentição, mas são ótimas formas de relaxar o bebê, aumentar a imunidade, fortalecer o vínculo e aliviar o desconforto comum nessa fase. Experimente!



- Gerações de mães confiaram na camomila, na erva-cidreira e outras ervas para acalmar a agitação e as dores do bebê. A mãe também pode tomar uma infusão dessas ervas para tranquilizar o bebê e também para aumentar a própria paciência e proporcionar para ambos um sono mais repousante (1).

- A melhor maneira de consolar um bebezinho em fase de dentição (ou não) é dar-lhe muito colo e amor. Amamente com especial carinho!

Lembrete: a amamentação até os 6 meses de idade deve ser exclusiva, sem introdução de chás, água ou outros líquidos e alimentos. A rotina deve ser de livre demanda. Até um ano de idade, o leite materno continua sendo o principal alimento do bebê e a introdução de outros sólidos é considerada complementar (9, 10). 


REFERÊNCIAS:
1 - Romm, Aviva J Cura Natural para Bebês e Crianças. Manual de primeiros socorros - Guia de A a Z. São Paulo: Editora Ground, p. 131-33, 1999.
2 - Furlan, E, Santos, RP. Biocibernética bucal. Em busca da saúde perfeita.São Paulo: Madras, p. 31, 2002.
3- Ramos-Jorge J, Pordeus IA, Ramos-Jorge ML, Paiva SM. Prospective longitudinal study of signs and symptoms associated with primary tooth eruption. Sep;128(3):471-6, 2011.
4 - Kiran K, Swati T, Kamala BK, Jaiswal D. Prevalence of systemic and local disturbances in infants during primary teeth eruption: a clinical study. Dec;12(4):249-52, 2011.
5 - Cunha RF, Pugliesi DM, Garcia LD, Murata SS. Systemic and local teething disturbances: prevalence in a clinic for infants.   Jan-Apr;71(1):24-6, 2004.
6 -Shapira J, Berenstein-Ajzman G, Engelhard D, Cahan S, Kalickman I, Barak V. Cytokine levels in gingival crevicular fluid of erupting primary teeth correlated with systemic disturbances accompanying teething. Sep-Oct;25(5):441-8, 2003.
7 - Arch Dis Child. 2007 March; 92(3): 266–268 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2083427/ , (acessado em 12/11/2012).
8 -Jordan L. Could homeopathic medicine be utilised as a treatment for teething? Apr;12(1):35-9, 2005.
9 - Dez passos para uma alimentação saudável. Guia alimentar para crianças abaixo de 2 anos do Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/10_passos.pdf (acessado em 12/11/2012). 
10 - Dez passos para uma alimentação saudável. Guia alimentar para crianças abaixo de 2 anos. Um guia para o profissional da saúde na atenção básica. Ministério da Saúde. http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/enpacs_10passos.pdf (acessado em 12/11/2012).

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O BRUXISMO INFANTIL: da Bruxaria à Ciência.

                                              
Até pouco tempo atrás, cerca de 20-30 anos mais ou menos, o bruxismo era um problema raro de acontecer na infância. Entretanto, com o estilo de vida das famílias urbanas e as crescentes demandas e exigências impostas às crianças cada vez mais cedo, vemos o bruxismo se manifestar como uma situação frequente em tenra idade.
O termo “bruxismo” origina-se da palavra grega “brychein”, que significa triturar ou ranger os dentes e do sufixo “mania”, isto é, compulsão. Foi citada na literatura odontológica pela primeira vez em 1907 por Marie Pietkiewicz, que utilizou a expressão LA BRUXOMANIE (bruxomania). A partir de 1930 o termo bruxismo se consolidou e passou a ser mais utilizado.
As referências mais antigas a que temos acesso são aquelas descritas na Bíblia, que apresentam o ranger de dentes acompanhado a sentimentos de sofrimento intenso, como ódio, angústia, medo e punição divina. Havia também aqueles que relacionavam empiricamente esta disfunção à presença de vermes e outros parasitas, ou então à existência de bruxas, espíritos ou demônios .
Por definição, o bruxismo é um hábito involuntário, espontâneo e inconsciente, ou melhor dizendo, uma parafunção caracterizada pelo excessivo apertamento e/ou ranger dos dentes em movimentos não mastigatórios da mandíbula, ocorridos tanto durante o dia como durante a noite. Este quadro pode levar a sobrecarga e complicações nas estruturas do sistema estomatognático.
O bruxismo pode ser classificado como cêntrico, relacionado ao apertamento, ou excêntrico, caracterizado pelo ato de ranger e deslizar os dentes em lateralidade e/ou protrusão. É considerado internacionalmente como uma desordem do sono, podendo se manifestar em diferentes graus (leve, moderado ou severo).
A etiologia desta parafunção é, muitas vezes, complexa e multifatorial, sendo que seu mecanismo ainda não foi completamente elucidado. A seguir, estão relacionadas as principais causas citadas na literatura:
- desequilíbrio oclusal (interferências, contato prematuro, trauma oclusal), maloclusão, diminuição da dimensão vertical e disfunção temporomandibular;
- desequilíbrio aminérgico do sistema nervoso central;
- hereditariedade/genética;
- transtorno clínico, neurológico ou psiquiátrico (paralisia cerebral, síndrome de Down, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, bulimia);
- fatores iatrogênicos (uso ou retirada de substâncias ou medicamentos, excesso de material restaurador);
- relação com outros transtornos do sono (síndrome das pernas inquietas, distúrbio comportamental do sono, ronco e apnéia do sono; falta de higiene do sono, estímulos visuais excessivos por televisão, computador e vídeo games antes de dormir, sonambulismo, terror noturno, pesadelos, enurese noturna, falar dormindo, baba);
- aspectos emocionais e psicológicos individuais (ansiedade, agressividade, hiperatividade, agitação, estresse, tensão muscular, cobranças excessivas, frustração, competitividade, depressão, medos, hostilidade, problemas familiares, crises existenciais, sentimentos reprimidos, raiva, problemas de alfabetização e aprendizagem, problemas de inadequação, timidez, dificuldade de relacionamento social, insegurança, grande senso de responsabilidade e auto-disciplina, tristeza, irritabilidade, impaciência);
- respiração bucal e patologias respiratórias de repetição (rinite, sinusite, bronquite, asma, hipertrofia de adenóides e amígdalas);
- alterações posturais (postura de cabeça baixa e anteriorizada, alterações musculares na língua);
- hábitos orais (morder objetos, lábios, roer unhas, mascar chicletes) e de sucção não-nutritivos (chupetas, mamadeiras, chuquinhas);
- dieta pouco consistente, hábitos alimentares incorretos (excesso de produtos industrializados, com açúcares, corantes/conservantes, cafeína...);
- disfunções urológicas, desordens endócrinas (hipertireoidismo) e outros fatores sistêmicos (deficiências nutricionais, vitamínicas, de cálcio e magnésio, infecções intestinais parasitárias, distúrbios gastrointestinais decorrentes de alergia alimentar, disfunção renal, cefaléia, dor de ouvido);
- outros fatores: privação do contato materno, parto cirúrgico.
Uma vez que a cavidade bucal possui um forte potencial afetivo, além de ser um local privilegiado para a expressão de impulsos reprimidos, emoções e conflitos, o bruxismo pode ser considerado uma resposta de escape. Dessa forma, algumas crianças, por não conseguirem satisfazer seus anseios, desejos e necessidades, acabam por ranger os dentes.
Poucas são as pesquisas publicadas na literatura científica sobre o bruxismo infantil. Estima-se uma prevalência em torno de 30%, aumentando significativamente com a idade.
Quanto maior o prolongamento da amamentação, menor ocorrência da parafunção (FERREIRA, TOLEDO, 1997).
O diagnóstico muitas vezes é feito pelos próprios pais, que observam este comportamento em seus filhos, especialmente durante o sono, ou então, no período em que os primeiros dentes começam a nascer, por volta de um ano de idade. Antonio et al. (2006) creditam à imaturidade do sistema neuromuscular a causa do bruxismo em bebês.
Outros tantos casos podem ser descobertos pelos profissionais, em consultas odontológicas de rotina, ao serem observadas facetas de desgaste anormais generalizadas nos dentes. Casos mais severos podem levar à mobilidade, necrose pulpar, formação de fístula, contribuindo para acelerar a rizólise e provocar alterações na cronologia de erupção dos dentes permanentes. Outras consequências são migração dental; fraturas de cúspides, raízes e restaurações; hipersensibilidade; lesões na língua; mucosa e lábios. Também é possível verificar a presença de hipertrofia e dor em alguns músculos faciais e mastigatórios, além de dor, desgaste e disfunção na articulação temporomandibular. Radiograficamente, observa-se o aumento do espaço pericementário e o espessamento da lâmina dura.
Constatado o problema, é importante que sejam levantadas o maior número de informações possíveis junto aos pais, como a história médica pregressa e atual, os hábitos e práticas alimentares, rotina e higiene do sono, queixas de dor, relacionamento familiar/social, mudanças na rotina (mudança de casa/escola, nascimento de um irmão, morte, conflitos), processos inerentes ao desenvolvimento (parto, amamentação, hábitos orais, desmame, desfralde, escolarização...) e avaliação do perfil psicológico da criança para selecionar a melhor forma de intervenção de forma individualizada.
Os tratamentos propostos para o bruxismo precisam abranger vários aspectos: o dentário, o médico e o psicológico. E passam por toda a forma de criação e rotina da criança.
O uso de medicamentos se mostrou ineficaz, visto que sua suspensão acarreta o retorno dos sinais e sintomas. A indicação de suplementos vitamínicos contendo magnésio foi aventada, mas necessita de mais pesquisas clínicas que comprovem riscos x benefícios do seu uso. Aconselhamento e/ou psicoterapia, quando bem executados, podem ser muito válidos na redução ou cura do bruxismo. Fisioterapia, fonoaudiologia e técnicas de relaxamento também são sugeridas como medidas terapêuticas.
Na Odontologia, podem ser realizados os ajustes oclusais para eliminar interferências, placas de mordida ou outros tipos de aparelhos e técnicas ortopédicas funcionais ou ortodônticas.
As placas interoclusais protegem os dentes e outras estruturas do desgaste, mas possuem um efeito temporário, pois necessitam que a função e a coordenação muscular sejam recuperadas paralelamente. Elas não impedem que o apertamento nem a atrição dos dentes aconteça. A tensão da musculatura mastigatória e os circuitos neurais patológicos permanecem, levando ao desgaste ou fratura da placa. Assim, torna-se um paliativo pouco eficaz a longo prazo.
O uso de Pistas Diretas Planas tem se mostrado como a melhor opção terapêutica para estes casos, já que está presente em tempo integral,sem atrapalhar a fala e a mastigação da criança, e evitando o desconforto que seria usar um aparelho, ao mesmo tempo em que atua como estímulo funcional e promove o crescimento e desenvolvimento das bases ósseas. Crianças tratadas com esta técnica apresentam alívio da musculatura facial, atenuação dos movimentos do bruxismo e eliminação dos desgastes dos dentes e fraturas. O padrão neuro-oclusal habitual é modificado (acompanhe logo abaixo um caso clínico ilustrativo).
A correção da maloclusão ou a obtenção do equilíbrio oclusal funcional funcionam como um fator-chave para o sucesso do tratamento. Nesse caso, a Ortopedia Funcional e a Ortodontia podem ser necessárias a médio e longo prazo.
Medidas simples e básicas, como realizar a higiene do sono e melhorar os hábitos alimentares, são fundamentais. O parto normal, a amamentação e o desestímulo aos hábitos orais nocivos se mostram claramente como formas primárias de prevenção a esta e outras tantas desordens do sistema estomatognático. Ainda, respeitar o processo de desenvolvimento infantil, agir com empatia e acolhimento frente às necessidades físicas e emocionais da criança e evitar atitudes que estimulem uma independentização precoce são de grande valia, auxiliando no tratamento ou mesmo evitando o surgimento do problema.
Este é um assunto de âmbito multiprofissional e que deve ser seriamente considerado à medida que afeta a saúde, a estética, o crescimento e desenvolvimento, o bem-estar integral da criança e sua qualidade de vida.
E afinal de contas, já dizia o ditado:
«No creo en brujas, pero que las hay, las hay»...


Caso clínico: paciente do sexo masculino, 5 anos de idade, mordida profunda (com diminuição da dimensão vertical), bruxismo, atrofia funcional mastigatória (de 2º. grau).


Tratamento: intervenção com pistas diretas Planas e orientação mastigatória. As pistas são feitas em resina fotopolimerizável, idênticas às usadas em restaurações, apenas nos dentes posteriores (molares decíduos). Foi realizado o levante da mordida e o destravamento da oclusão, permitindo o reequilíbrio oclusal funcional e estimulando o correto desenvolvimento do sistema estomatognático.  O bruxismo desapareceu em menos de 4 meses após a terapêutica.



Acompanhamento: Paciente aos 18 anos, com dentição permanente completa e bom equilíbrio oclusal, sem ter recebido nenhum outro tipo de intervenção ortopédica ou ortodôntica.


Avaliação funcional: realização dos movimentos de lateralidade com equilíbrio do ângulo funcional mastigatório (AFMP), demonstrando a harmonia oclusal e estética obtidas. Sem recidiva dos sinais e sintomas de bruxismo.

* Texto baseado na monografia de Especialização em Ortopedia Funcional dos Maxilares de Cristina S. C. Mariotti, orientada pelo Prof. Antonio Fagnani Filho, Ciodonto, 2011.
Referências citadas:
 FERREIRA, MIDT; TOLEDO, AO. Relação entre tempo de aleitamento materno e hábitos bucais. Rev ABO Nac, v. 5, n. 6, p. 317-20, 1997.
ANTONIO, AG; et al.Bruxism in children: A warning sign for psychological problems. J Can Dent Assoc, v. 72, n. 2, p. 155-60, 2006.








quinta-feira, 11 de outubro de 2012

EU PLANAS, TU PLANAS, ELE PLANAS...

Você cresceu obedecendo as Leis Planas e não sabia?

Uma coisa é certa: independente da idade, sua boca cresceu (ou ainda vai crescer) obedecendo o que esse cara falou. E nem interessa se você acredita ou não acredita nele ou então se você, até hoje, sequer tinha ouvido falar desse tal de Pedro Planas, um grande dentista espanhol, observador, estudioso, mestre e fundador da escola de Reabilitação Neuro-Oclusal (RNO). Ficou curioso? Então deixe-me apresentá-los...

Pedro Planas dizia que a característica predominante do homem, desde que este povoou o globo terrestre, é o afã de descobrir, a sede do conhecimento; sendo esta sua autêntica vocação que o leva à aventura. O homem primitivo, impulsionado por essa ânsia de saber, sentiu a necessidade de suprimir a dor, de possuir uma eurritmia ou estética e de realizar uma função. Foram estas 3 necessidades aplicadas à face e à boca que deram origem à Odontologia. As duas primeiras necessidades (dor e estética) vêm sendo bem supridas pela atual prática clínica. Quanto à função, infelizmente, continua-se fracassando; pois a função perfeita, sob o ponto de vista da RNO, é alcançada por muito poucos profissionais. 



“O importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão de existir” Albert Einstein

O que levou Pedro Planas a desenvolver todo o conhecimento da RNO foi sua curiosidade em entender por que a boca, que era o seu paciente doente, morria. Rapidamente, concluiu que a boca morria por duas causas: a cárie e a periodontopatia. Relativamente à morte por cárie, observou que existiam métodos para atacá-la precocemente através da alimentação sem excesso de açúcares, boa higiene, terapêuticas avançadas ou precoces e preventivas, etc.
Assim, passou a se preocupar com a periodontopatia, cuja causa fundamental, sem negar a importância da placa dental bacteriana, era o trauma (ou microtrauma) oclusal, que tanto pode ser produzido por hipo ou hiperfunção. Isto acontecia porque os dentes se encontravam mal posicionados dentro do espaço bucal, para realizar a função mastigatória, ou melhor dizendo, porque a boca não estava equilibrada.
Dessa forma, aprofundou-se no estudo da Ortodontia, a ciência capaz de movimentar os dentes, imaginando que com ela seria possível prevenir ou curar o desequilíbrio oclusal, e por consequência, a parodontose. Entretanto, apesar dos resultados estéticos, o trauma prosseguia e, inclusive, piorava após a intervenção. As consequências, após anos do término do tratamento, eram as recidivas e as lesões periodontais, que o paciente aceitava e segue aceitando com maior ou menor resignação.
Inconformado com o insucesso das terapêuticas disponíveis, partiu, Pedro Planas, por outra linha de raciocínio: a de que a função cria o órgão e o órgão proporciona a função, originária de uma excitação neural. Assim, um estímulo fisiológico, produz uma função e um desenvolvimento fisiológicos; enquanto que um estímulo patológico, do contrário, produz uma resposta de desenvolvimento patológica. E assim nasceu a RNO, isto é, o estudo da etiologia e gênese dos transtornos funcionais e morfológicos do sistema estomatognático, com o objetivo de eliminar, reabilitar ou reverter os estímulos nocivos o mais precocemente possível, para que, excitando os centros neurais receptores  fisiologicamente, se obtenha uma resposta de desenvolvimento normal e equilibrada.Tais terapêuticas se aplicam desde o nascimento até a senilidade.  
De acordo com Planas, a sociedade civilizada cada dia necessita menos do aparelho mastigatório para moer os alimentos, pois já, desde o nascimento começa a ingerir mamadeiras e papinhas, que mais tarde se transformam em croquetes e hambúrgueres; ou seja, alimentos praticamente triturados, facilitando deglutir sem mastigar. Assim, a maioria dos problemas do sistema estomatognático tem como etiologia a atrofia funcional mastigatória, provocada por nosso regime alimentar civilizado desde o nascimento (onde, além de tudo, o desmame precoce é a regra).
A terapêutica preconizada por Planas se baseia na excitação neural das terminações nervosas das Articulações Temporomandibulares (ATM), pelo movimento póstero-anterior proporcionado pelos músculos mastigatórios; e dos periodontos, por esfregamento oclusal durante os deslizamentos mandibulares à direita e à esquerda (bilaterais e alternados) na mastigação. Dessa forma, na presença de atrofias funcionais, o equilíbrio oclusal pode ser obtido através de desgastes seletivos ou aparelhos ortopédicos.
Aqueles que acreditam erroneamente no simples determinismo genético ou na discrepância entre o padrão ósseo e o padrão de crescimento, aplicam terapêuticas tardias, traumáticas e mutilantes (extrações, cirurgias, aparelhos extra-bucais...). Por isso, Planas já dizia claramente: precisamos abolir a frase clássica de que “é preciso esperar”...
“Nossa clínica nos demonstrou que se uma boca se mantém em equilíbrio e desenvolve uma função fisiológica, ou se recupera em um determinado momento de seu desenvolvimento com técnicas adequadas, não sofrerá recidivas nem lesões periodontais e se manterá até a senilidade com uma fisiologia perfeita. Por exemplo, um desgaste seletivo bem feito aos dois anos, pode salvar uma boca para toda a vida.Esta é a verdadeira medicina da boca.  Isto é a Reabilitação Neuro-Oclusal!”
E você, já observou se a sua boca ou a do seu filho está funcionando direitinho? Não perca a continuação deste assunto: mastigação, atrofias funcionais, desenvolvimento do sistema estomatognático sob a ótica da RNO, diagnóstico, tratamento e muito mais!

Atrofia funcional em criança de 5 anos. Observa-se a mordida profunda e os caninos sem facetas de desgastes fisiológicas derivadas de uma função mastigatória plena, dificultando/travando os movimentos mandibulares bilaterais alternados e interferindo negativamente sobre o crescimento. Perceba como essa situação passa facilmente despercebida pela maioria das pessoas, inclusive profissionais.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mel, seus filhotes e a Ortopedia Funcional dos Maxilares

Não faz muito tempo que nossa cachorrinha, a Mel, deu cria. Uma ninhada de cinco filhotinhos fofos de Cocker: três machos e duas fêmeas. Pois bem, passada a euforia do nascimento, logo percebemos que um deles tinha um pequeno problema – as patinhas traseiras quase não se mexiam.

Conforme ele ia crescendo, parecia que o defeito se agravava. Em compensação, era o que mais mamava. Mamava tanto que tinha o dobro do tamanho dos seus irmãos. Por isso e por ser de cor parecida, acabou sendo chamado de Mamão.
Mamão não precisava nem sair do lugar. Mel tinha tanto leite que o mesmo escorria direto para sua boquinha faminta. Com isso, ficava cada dia mais gordo e preguiçoso. E suas patinhas cada vez mais atrofiadas.
Quando sentiu que seus filhotes já estavam maiorzinhos, Mel decidiu retomar sua rotina e, paulatinamente, se afastava mais deles e por períodos cada vez maiores. Assim, quando queriam mamar, os cachorrinhos precisavam ir atrás da mãe para não ficar com fome. Mamão começou a ter dificuldades para se alimentar. Algumas vezes, conseguia se arrastar com as patas da frente até onde a Mel estava, outras vezes, tínhamos que ajudá-lo.
Assim foi, até que percebemos que se as coisas continuassem daquele jeito, Mamão precisaria sempre de algum tipo de “muleta” para sobreviver. Então tivemos uma idéia inusitada! Já que estimular ele a se arrastar com as patas dianteiras estava fazendo com que as traseiras funcionassem cada vez menos, por que não fazer o contrário: amarrar as patinhas da frente para que ele fosse obrigado a usar as de trás? E não é que funcionou! A necessidade de comer para sobreviver fez com que ele superasse seu pequeno defeitinho, recuperando a função das pernas e tornando-as fortes o bastante para aprontar poucas e boas por aí.
Taí uma forma fácil de entender o que significa a Ortopedia Funcional. Através de estímulos neuro-motores, muitas vezes realizados por meio de aparelhos, recuperamos a forma e a função das estruturas da face que possam estar atrofiadas devido a aspectos genéticos e/ou ambientais.
Atualmente, o aleitamento artificial em substituição à amamentação*, a introdução de hábitos orais deletérios (principalmente chupetas e mamadeiras), seguida por uma dieta de consistência pastosa e macia que não estimula a mastigação tem feito com que a boca (e demais estruturas oro-faciais) das crianças não se desenvolva perfeitamente e fique atrofiada tal qual a patinha do Mamão. Para corrigir este problema e restabelecer o equilíbrio, a estética e a saúde como um todo – a Ortopedia Funcional dos Maxilares é uma ferramenta excelente!
Ah, e o Mamão? Vai muito bem, obrigada, e, claro, aprontando todas por aí.

*Desde 1991, a Organização Mundial de Saúde, em associação com a UNICEF, vem empreendendo um esforço mundial no sentido de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno.
As recomendações da Organização Mundial de Saúde relativas à amamentação são as seguintes:
·         As crianças devem fazer aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses de idade. Ou seja, até essa idade, o bebé deve tomar apenas leite materno e não se deve dar nenhum outro alimento complementar ou bebida.
·         A partir dos 6 meses de idade as crianças devem receber alimentos complementares e manter o aleitamento materno.
·         As crianças devem continuar a ser amamentadas até os 2 anos de idade ou mais.


Dez passos para o sucesso da amamentação,
segundo recomendações da OMS/UNICEF: 

1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, a qual deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe de cuidados de saúde.
2. Treinar toda a equipe de cuidados de saúde, capacitando-a para implementar esta norma.
3. Informar todas as grávidas atendidas sobre as vantagens e a prática da amamentação. 
4. Ajudar as mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo que tenham de ser separadas de seus filhos.
6. Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que seja por indicação médica.
7. Praticar o alojamento conjunto - permitir que mães e os bebés permaneçam juntos 24 horas por dia. 
8. Encorajar a amamentação sob livre demanda (sempre que o bebé quiser).
9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
10. Encorajar a criação de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.

(Para mais informações consulte o site http://www.unicef.org/programme/breastfeeding/baby.htm )
   Segundo o Conselho Federal de Odontologia, a partir da Resolução CFO – 185/93, Ortopedia Funcional dos Maxilares é a especialidade que tem como objetivo tratar a maloclusão através de recursos terapêuticos, que utilizem estímulos funcionais, visando ao equilibrio morfo-funcional do sistema estomatognático e/ou a profilaxia e/ou o tratamento de distúrbios crânio-mandibulares, recursos estes que provoquem estímulos de diversas origens, baseados no conceito da funcionalidade dos órgãos.
P.S.: Dedico este texto ao professor Germano Brandão que, em meu primeiro contato com a Ortopedia Funcional dos Maxilares, tão bem a ilustrou com um exemplo semelhante, atiçando minha curiosidade e fazendo com que eu mergulhasse de cabeça nesta instigante especialidade. Isto se refletiu em toda a minha prática profissional e vida pessoal, questionando, quebrando paradigmas e  pesquisando sempre mais para exercer uma Odontologia coerente com as  necessidades mais básicas das crianças (como mamar, respirar, mastigar, falar...) e a busca da qualidade de vida que tanto almejamos para nossos filhos. Também a todo o grupo NEOM-RB (Núcleo de Estudos em Ortopedia dos Maxilares - www.neom-rb.com.br), à Dra. Gabriela Dorothy de Carvalho, autora do livro SOS Respirador Bucal - Uma Visão Funcional e Clínica da Amamentação; e ABONAM (Associação Brasileira de Odontologia Neonatal e Aleitamento Materno) pelo incansável trabalho na disseminação de conhecimentos tão importantes aos profissionais de saúde no que tange a prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações funcionais do Sistema Estomatognático.